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4 abordagens cosméticas cientificamente comprovadas de como retardar o envelhecimento cutâneo

Cleber Barros
Escrito por Cleber Barros em 20 de julho de 2016
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Aprenda a como retardar os efeitos indesejados do envelhecimento cutâneo de forma correta e cientificamente comprovada

 

Com o passar dos anos nosso corpo sofre alterações metabólicas e hormonais que resultam em um processo conhecido como envelhecimento. Com a pele, nosso maior órgão do corpo, não é diferente: ela envelhece, ou seja, apresenta efeitos degenerativos semelhantes aos observados em outros órgãos. Este processo está associado à perda de tecido fibroso, à taxa mais lenta de renovação celular, à redução da rede vascular e glandular e ao prejuízo da função de barreira cutânea. Todas essas alterações são determinadas geneticamente, mas podem ser aceleradas por fatores relacionados com os hábitos alimentares e o estilo de vida. [1,5]

Sabemos que envelhecer é algo inevitável, mas há maneiras cientificamente comprovadas de manter a pele jovem e bonita por mais tempo.

Continue lendo esse artigo e conheça 4 abordagens cosméticas cientificamente comprovadas de como retardar o envelhecimento cutâneo:

 

1. Fotoprotetor

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A exposição à radiação ultravioleta é o principal fator ambiental relacionado com o envelhecimento cutâneo precoce. [1,2,5]A radiação ultravioleta pode causar queimaduras, fotoenvelhecimento e aparecimento de neoplasias cutâneas. Os raios ultravioleta (UV) alteram o DNA mitocondrial e o núcleo celular de queratinócitos e fibroblastos, ocasionando mudanças moleculares que destroem o colágeno, a principal proteína dérmica responsável pela estrutura de sustentação da pele, levando, por exemplo, ao afinamento da pele e à formação de rugas. Raios ultravioleta também estão associados ao aumento dos radicais livres, que danificam estruturas cutâneas importantes, como fibras colágenas e elásticas, membranas celulares e segmentos do DNA, apresentando, assim, papel importante no envelhecimento. [2]

 

 

Portanto, a fotoproteção diária auxilia na prevenção do envelhecimento extrínseco da pele. Vale lembrar que para prevenir é preciso usar o fotoprotetor todos os dias, mesmo em dias nublados, frios ou chuvosos, pois 80% da radiação UV atravessa as nuvens.  Além disso, a escolha de um fotoprotetor de amplo espectro (proteção contra a radiação UVB e também UVA) é essencial, pois a radiação UVA causa mais rugas que a UVB. A radiação UVA penetra mais profundamente na pele e é a principal responsável pelo fotoenvelhecimento.[1,5]

Uma dica para fotoprotetores com ação potencializada antienvelhecimento da pele é formulá-los associados à antioxidantes. Quer saber mais: confira nesse artigo.

 

2. Vitamina C

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Conforme já explicamos, à medida que a pele envelhece, a derme torna-se fina e seu conteúdo de colágeno (que dá sustentação para a pele) diminui. Essas alterações são aceleradas pela exposição aos raios UV e poluição, que geram radicais livres. Um bom aliado para evitar essa perda de colágeno é a vitamina C (ácido ascórbico), uma vitamina hidrossolúvel considerada essencial (nosso corpo não consegue produzir a vitamina C).

Ela apresenta diversos benefícios para a pele, pois possui ação na biossíntese de colágeno (assim melhora a formação de colágeno novo) e efeito redutor de radicais livres (efeito antioxidante), além de auxiliar no clareamento de manchas da pele fotoenvelhecida.

A vitamina C é cofator para duas enzimas essenciais na biossíntese do colágeno: a lisil hidroxilase e a prolil hidroxilase. Muito importante citar que além de atuar como importante cofator para essas enzimas, a vitamina C regula também a síntese de colágeno tipo I e III (os principais tipos de colágeno da pele) diretamente pelos fibroblastos dérmicos de forma independente da idade da pessoa. Um estudo realizado por pesquisadores do Centro Médico da Universidade Duke, nos Estados Unidos, mostrou que embora a capacidade proliferativa e a síntese de colágeno sejam idade-dependentes (diminuem com o aumento da idade), o ácido ascórbico é capaz de estimular a proliferação celular bem como a síntese de colágeno pelos fibroblastos dérmicos independente da idade do paciente. Ou seja, esse estudo comprovou que a vitamina C é capaz de aumentar a síntese de colágeno dos fibroblastos dérmicos de pessoas idosas em níveis similares aos de células de recém-nascidos.[8]

Outro importante benefício da vitamina C é sua potente ação antioxidante, visto que os radicais livres são uns dos maiores causadores do envelhecimento cutâneo. Como o estresse oxidativo ocasiona a degradação do colágeno, altera os ciclos de renovação celular, causa danos ao DNA, promove a liberação de mediadores pró-inflamatórios e estimula a formação de hipercromias (manchas), a ação antioxidante da vitamina C é capaz de reduzir esses danos cutâneos.

A vitamina C tópica promove um efeito redutor de manchas, reduzindo a formação da melanina (pigmento escuro da pele). Um estudo divulgado no Jornal Internacional de Dermatologia mostrou que a vitamina C a 5% foi capaz de clarear as manchas de melasma após 4 meses. Interessante destacar que as análises colorimétricas (que medem a intensidade da cor da mancha) não mostraram diferenças significativas entre a vitamina C a 5% e a hidroquinona a 4% (fármaco considerado padrão ouro no tratamento de manchas hipercrômicas da pele).[9]

 

 

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3. Retinol

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Outras características da pele envelhecida são as alterações na matriz extracelular resultantes da ativação das metaloproteinases (MMPs), enzimas relacionadas com a redução da síntese do colágeno e demais componentes da derme. Assim, a vitamina A (retinol) e seus derivados, os chamamos retinóides tópicos, são aliados no combate eficaz do envelhecimento da pele, pois são capazes de inibir a expressão das MMPs e estimular a síntese de colágeno.[3]

Porém, alguns retinóides tópicos, como o ácido retinóico, apresentam eventos adversos como descamação, eritema, ressecamento, queimação e prurido.[3,4,11] Esses eventos adversos são irritantes para a pele e podem levar a um grau de inflamação cutânea que agrava o processo de envelhecimento da pele ao invés de atuar como anti-idade.[11]

As formas retinol e retinaldeído são as mais aconselhadas para tratamento da pele fotodanificada ou envelhecida, com ações semelhantes às do ácido retinóico, mas com menor efeito irritante. Essas substâncias melhoram a pigmentação da pele, estimulam a renovação celular, promovem a síntese de colágeno e também aumentam a hidratação cutânea.[3,11]

E não se esqueça que em cosméticos a concentração máxima permitida no Brasil é de 0,3% para o retinol e de apenas 0,05% para o retinaldeído, e para fins de registro, os produtos contendo retinóides na formulação são classificados como grau de risco 2.[10]

 

4. Ácido hialurônico

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Manter a pele hidratada ajuda a evitar o envelhecimento cutâneo. Uma pele saudável e jovem é uma pele hidratada, pois possui uma barreira cutânea fortalecida (que impede a perda de água pela pele – perda transepidérmica de água) e contém uma grande quantidade de ácido hialurônico na derme (molécula que mantém uma quantidade adequada de água na derme, hidratando a pele).

A capacidade de retenção de água do ácido hialurônico é tão grande que apenas 1 grama é capaz de reter cerca de 6 litros de água. Porém, a concentração de ácido hialurônico na pele tende a diminuir com a idade, o que resulta em diminuição da hidratação local e tendência a formar rugas. Conforme envelhecemos ocorre uma redução da quantidade de ácido hialurônico e de sua formação (biossíntese)[6], além de prejuízo da função barreira da pele, o que favorece a desidratação cutânea.[5]

 

 

Para evitar o envelhecimento é importante hidratar a pele seguindo esses dois princípios: fortalecer a função barreira e promover a reposição de ácido hialurônico na derme. Assim, o próprio ácido hialurônico é considerado um excelente ativo hidratante, mas que atua de formas diferentes dependendo do seu peso molecular.

Normalmente as moléculas de ácido hialurônico comuns, conhecidas por serem de alto peso molecular, apresentam diâmetro de aproximadamente 3.000 nm, mas o espaço intercelular da epiderme é de apenas 15 a 50 nm. Por isso sua ação se resume a hidratação da epiderme e prevenção da perda de água transepidermal. Para uma hidratação da derme é preciso usar moléculas de ácido hialurônico de baixo peso molecular. Quanto menor o tamanho da molécula de ácido hialurônico, melhor a sua permeação até a derme. Assim, os ácidos hialurônicos de baixo peso molecular são os mais indicados para a reposição de ácido hialurônico na derme envelhecida.6 Outra propriedade do ácido hialurônico de baixo peso molecular é promover uma redução na inflamação cutânea e estimular a produção de beta-defensinas (substâncias protetoras da pele), protegendo a pele envelhecida ou com disfunção na barreira cutânea de agressões que podem acelerar o envelhecimento cutâneo.[7]

Para evitar a perda de água transepidermal utilize os ácidos hialurônicos de alto peso molecular, pois estes formam uma camada protetora na pele, hidratando a epiderme. É importante lembrar que essa hidratação é mais facilmente percebida pelo consumidor do que a hidratação da derme, pois é sentida ao toque e visualmente pelo efeito hidratante no estrato córneo.

Outra opção bastante interessante e de baixo custo para a hidratação cutânea é a glicerina. Ela não hidrata a derme, mas promove proteção da função barreira e redução da perda de água transepidermal. Para não errar no uso da glicerina em suas formulações, veja o artigo ‘Glicerina em excesso pode deixar a formulação pegajosa’. Saiba mais sobre os benefícios da glicerina em: ‘3 excelentes matérias-primas que você tem no laboratório e não sabe’.

 

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Referências:

[1] Portal da Sociedade Brasileira de Dermatologia. http://www.sbd.org.br/doencas/envelhecimento/
[2] Arruda LHF, Arruda ACBB, Stocco PL, Ota FS, Assumpção EC, Langen SSB, Costa A, Park US, Miyashiro CAHV. [Avaliação de dermocosmético com retinaldeído, nicotinamida e vitis vinifera no fotoenvelhecimento cutâneo de mulheres entre 25 e 40 anos de idade]. Surg Cosmet Dermatol 2012;4(1):38-44.
[3] Darlenski R, Surber C, Fluhr JW.[Topical retinoids in the management of photodamaged skin: from theory to evidence-based practical approach.] Br J Dermatol. 2010 Dec;163(6):1157-65. PMID: 20633013 [PubMed – indexed for MEDLINE]
[4] Creidi P, Vienne MP, Ochonisky S, Lauze C, Turlier V, Lagarde JM, Dupuy P. [Profilometric evaluation of photodamage after topical retinaldehyde and retinoic acid treatment.] J Am Acad Dermatol. 1998 Dec;39(6):960-5. PMID: 9843009 [PubMed – indexed for MEDLINE]
[5] MONTAGNER, Suelen  and  COSTA, Adilson. [Bases biomoleculares do fotoenvelhecimento.] An. Bras. Dermatol.[online]. 2009, vol.84, n.3, pp. 263-269. ISSN 1806-4841.
[6] Jegasothy SM, Zabolotniaia V, Bielfeldt S. [Efficacy of a New Topical Nano-hyaluronic Acid in Humans.] J Clin Aesthet Dermatol. 2014 Mar;7(3):27-9.PMID: 24688623 [PubMed]
[7] Schlesinger T, Rowland Powell C. [Efficacy and safety of a low molecular weight hyaluronic Acid topical gel in the treatment of facial seborrheic dermatitis final report.] J Clin Aesthet Dermatol. 2014 May;7(5):15-8. PMID: 24847403 [PubMed – indexed for MEDLINE]
[8] Phillips CL, Combs SB, Pinnell SR. [Effects of ascorbic acid on proliferation and collagen synthesis in relation to the donor age of human dermalfibroblasts.] J Invest Dermatol. 1994 Aug;103(2):228-32. PMID: 7518857 [PubMed – indexed for MEDLINE]
[9] Espinal-Perez LE, Moncada B, Castanedo-Cazares JP. [A double-blind randomized trial of 5% ascorbic acid vs. 4% hydroquinone in melasma.] Int J Dermatol. 2004 Aug;43(8):604-7. PMID: 15304189 [PubMed – indexed for MEDLINE
[10] ANVISA. Parecer Técnico nº 4, de 21 de dezembro de 2010. Utilização de retinóides em produtos cosméticos (Revisão do Parecer Técnico CATEC nº 3, de 22 de março de 2002).
[11] Yoon HS, Kim YK, Chung JH. [High-concentration all-trans retinoic acid induces dermal inflammation and reduces the accumulation of type I procollagen in human skin in vivo.] Br J Dermatol. 2011 Sep;165(3):669-72. PMID: 21623752 [PubMed – indexed for MEDLINE]

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